O desenvolvimento e a crescente mediatização dos meios digitais têm vindo a provocar grandes transformações no conceito de livro. O livro impresso tem-se adaptado e, de certo modo, atualizado, enquanto que, novos formatos digitais ganham cada vez mais popularidade e um maior número de leitores. As capacidades e possibilidades de utilização destas formas de livro emergentes são inúmeras e inegáveis, podendo, ou não, constituir uma ameaça para o futuro da impressão em papel.

Torna-se, por isso, cada vez mais relevante refletir sobre a forma como estes novos formatos se relacionam com o livro impresso e como podem influenciar ou contribuir para o seu futuro e, consequentemente, para a evolução dos hábitos e das experiências de leitura.

Entre estes novos formatos digitais, encontra-se o audiolivro. Nos últimos anos, este tem-se vindo a assumir como um formato concorrente do livro impresso, motivando os leitores a questionar o seu conceito de livro e de leitura. A sua natureza imaterial, que permite grande mobilidade aos seus utilizadores, aliada à sua facilidade de utilização e à pertinência dos seus conteúdos, tornam-no um formato bastante apelativo e cada vez mais popular.

Neste sentido, por apresentar características que o diferenciam do livro tradicional e dos outros formatos emergentes, o audiolivro revela-se bastante pertinente como objeto de estudo. Analisá-lo mais aprofundadamente, permite demonstrar a sua legitimidade como uma forma de livro independente.

Desta forma, no âmbito do trabalho de projeto AUDIO&BOOKS, Um estudo exploratório sobre o audiolivro e o livro impresso do mestrado em Práticas Tipográficas e Editoriais Contemporâneas da Faculdade de Belas-Artes e da Faculdade de Arquitetura da Universidade de Lisboa, foi desenvolvido o projeto AUDIO&BOOKS. Este pretende explorar e testar os limites da relação entre o audiolivro e o livro impresso. Tirando partido das capacidades expressivas de cada formato em análise, procurou-se desenvolver um projeto que permitisse a sua colaboração e interdependência, de modo a proporcionar uma experiência de leitura única, subjetiva e produto da complementaridade entre duas formas de livro que, à partida, apenas seriam consideradas concorrentes.

Assim, o projeto desenvolvido culmina num objeto editorial, composto por vários elementos que se complementam entre si (entre eles, o presente website), resultando numa simbiose entre o livro impresso e o audiolivro, enriquecida pela articulação entre os meios impressos e digitais que fazem parte do projeto.

Ana Margarida Matos